Identificação dos ativos: básico, mas não tão simples!
Identificar os ativos - o famoso "tagueamento" - é uma premissa tão elementar que, muitas vezes, não conta com o devido critério de definição. O problema é que um critério mal estabelecido pode passar desapercebido num primeiro momento, mas traz implicações graves para toda a vida produtiva de uma unidade industrial
Ao longo dos anos, se uma coisa tem ficado clara nos desafios de estabelecer uma real Cultura de Confiabilidade nas organizações que tivemos a oportunidade de estar, é que a maior parte das pedras de tropeço estão assentadas em desvios elementares, estruturais. Não é incomum encontrar situações em que há um departamento denominado "confiabilidade", ou em que a alta direção está disposta a investir recursos (humanos e materiais) para melhorar os resultados operacionais, mas onde a "árvore está tão torta" que mesmo os mais hercúleos esforços patinam e ficam muito aquém do que se esperava. O resultado, não raramente, acaba por ser um sentimento de frustração dos envolvidos, quando não uma crise de credibilidade com os clientes internos que pode comprometer até mesmo os esforços futuros para melhorar (veremos, por aqui, que a credibilidade é condição sine qua non para estabelecer a Cultura de Confiabilidade).
Por isso, estrearemos o espaço do Blog Veritate analisando o que considerar diante do primeiro degrau da escada da Cultura de Confiabilidade: a Identificação dos Ativos. Por anglicismo também denominado "tagueamento" (por derivar do termo em inglês TAG, que quer dizer "etiqueta"), a identificação tem por objetivo criar uma estrutura lógica que viabilize não apenas dar um nome para os ativos, mas também apresentar sua localização, função e correlações dentro de um projeto industrial, seja ele de baixa, média ou alta complexidade. Geralmente, o TAG é definido ainda na fase de projeto e deve ser cadastrado no ERP da organização. No SAP - que usaremos como referência por ser o sistema mais amplamente utilizado não só no Brasil, mas em todo mundo - é o objeto denominado como "Local de Instalação", que configura o primeiro e, talvez, mais importante dentre os chamados Dados Mestres de manutenção.
Algumas normas podem dar as diretrizes para o tagueamento (como a NBR 8190 - cancelada em 2010 - e a ISA 5.1, ambas para instrumentação; ou ainda a NRB ISO 14224/2011, que apresenta uma estrutura taxonômica universal da qual deriva a aqui proposta) mas, de modo geral, as organizações tendem a definir seus próprios critérios de identificação. O que faremos aqui é propor, de modo resumido e objetivo, quais boas práticas devem ser observadas nesta definição, levando-se em consideração o produto mais importante que será colhido a partir disso: os dados históricos, informações que são a matéria prima para as análises durante toda a vida produtiva da unidade industrial em questão. O critério adotado na definição da identificação dos ativos terá impacto direto na qualidade das informações geradas durante a operação e, consequentemente, nas análises que serão realizadas a partir destas informações.
Com isto em mente, o primeiro ponto a que se considerar é que o TAG precisa apresentar basicamente três informações: qual é o ativo, qual sua localização e sua função. Além disto, algumas outras premissas devem ser observadas, por isso, o TAG deve, no mínimo:
Ter uma estrutura hierárquica lógica;
Apresentar de modo claro qual é o ativo (bomba, medidor, tanque, motor etc.)
Apresentar a localização do item;
Explicitar a função do item;
Ser padronizado (tanto a chave quanto a descrição).
De outro lado, tão importante quando definir o que o TAG deve ser, é definir o que ele não deve ser:
Não deve apresentar especificações técnicas do item (como se a bomba é centrífuga, por exemplo);
Não deve conter informações construtivas, como dimensões, materiais etc.;
Não deve trazer referências de fabricantes, sejam numerações ou nome de fornecedores;
Abaixo você pode conferir um exemplo esquemático de uma organização hierárquica básica do que chamamos de árvore lógica, onde é possível verificar onde fica o TAG e quais são as estruturas à jusante e à montante deste dado-mestre:
Claro que esta estrutura é um exemplo (adaptado da NBR ISO 14224/2011), que pode ser sensivelmente adequado para a realidade de cada organização, conforme suas necessidades operacionais, grau de complexidade, tamanho e quantidade de itens etc., entretanto, o modelo acima serve como referência para qualquer unidade industrial. Não é de menor importância a necessidade de padronização de termos nas descrições, abreviações, uso de preposições, codificação de fluídos e equipamentos, entre outras boas práticas que farão toda a diferença na hora de analisar os dados.
Muito importante, ainda, é a definição do que identificar como item , ou seja, do que taguear. Aqui há uma regra de ouro: ganha nome quem entrega a função! Isto vai evitar uma série de equívocos, como a abertura de notas de manutenção no TAG errado por excesso de opções para o operador, dificuldade de compilação de modos de falhas por equipamentos, caronas em solicitações por falta de equipamentos tagueados, etc. Daí, novamente, a necessidade de deixar sempre explícita no TAG qual a função do item.
Uma estrutura feita com critério, organizada, padronizada e completa representa um ponto de partida maduro para o estabelecimento da Cultura de Confiabilidade. Trará credibilidade e robustez de informações quando as necessidades surgirem, e isto faz toda a diferença! Mas, se você está lendo este artigo e balançando a cabeça, lembrando da estrutura da sua organização, não se preocupe! Tudo pode ser melhorado, problemas podem ser corrigidos e a "árvore que nasceu torta" não precisa, necessariamente, morrer torta! Nós, da Veritate Engenharia, podemos ajudá-lo com isto! Entre em contato e vamos conversar.
Nós fazemos de verdade!